domingo, 15 de agosto de 2010

A DIALÉTICA DO TEMPO

O tempo é dialético. Nós é que pensamos em torná-lo estático, imóvel e, nunca, efêmero. Desejamos retardá-lo como se assim o fosse; um retardado, um tolo, um não sei quê estabilizado.
Usamos cosméticos, achando que, só assim, impediremos de passar. Compramos adornos e nos enfiamos em clínicas especializadas em rejuvenescimento físico. Gastamos o pouco que temos em pomadas, géis, cremes e uma parafernália de fórmulas químicas como se fôssemos alquimistas da juventude desenfreada.
O mundo gira em torno de nós, mas não paramos de girar em torno dele no sentido oposto; ou talvez o fazemos, quando ludibriamos a mente na esperança de não envelhecer.
Acabamos sendo companhia indesejável de nós mesmos, por não acompanharmos o ritmo do tempo. E somos mentirosos. Mentimos a nossa idade, a dos outros e mentimos, principalmente, para nós mesmos.
Enquanto o mundo gira há em nós, no calabouço final do porão, a preocupação com a estética da alma. Esta, por sua vez, permanece fora do contexto (corpo e alma) e desaparece da unidade como se os dois elementos fossem dissociados.
O certo é que o inevitável acontece; a morte existe. Ninguém permanece jovem para sempre. Porém a eternidade é como um rio perene, jamais mata o espírito, pois o seu sentido é a existência infinita.

Maria Maria

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