sexta-feira, 30 de julho de 2010

Entre um fonema e outro

Há um pouco de mim em cada palavra sua, em cada gesto que sua boca faz, em cada espanto ou feição desiludida. Eu sinto quando me olha meio estranho, parece que mora um sertão em sua dor de morte eterna. Ou um solitário pardal se pousa inteiro sobre seus ombros.
Não me precisa a solidão! Há muitos outros corações em fragmentos e mais um, não acrescentaria nada à função de criar mais vazios. Os vazios já nos circundam todos os dias e nos ocupam os vácuos que o trabalho, às vezes, preenche.
Se suas mãos querem fechar-se em concha nessa lacuna que Eva nos legou então nos resta o riso e a dor para ser pérola.
Os açudes dançam a colheita futura e eu me festejo com flores mornas. Eu me celebro como os ramos de jurema que se deitam sobre as águas.
O texto é o espelho. O Narciso, as palavras. O que posso mais querer?

Maria Maria

3 comentários:

  1. Que lindo, Maria Maria!

    Como os ramos de jurema! Sim, porque não?

    Beijos

    Mirze

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  2. Em primeiro lugar, agradeço ao doce comentário feito por você. Na verdade, faço um uso mto egoísta e narcísico da escrita. Você sim transforma palavra em arte.
    Gostei da introdução ao seu blog, não podia deixar de comentar.
    Com toda certeza voltarei outras vezes.
    Abraços.

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  3. minha amiga, vc nasceu para os dizeres...amei seu novo blog. voltarei mais vezes.
    bjos

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Água de chocalho para todos!