Não sei se quero falar da perda
da minha asa, da plumagem que dourava no sol e do brilho que resplandecia toda
manhã.
Eu vi o sertão acordar em mim,
logo que o amarelo-canário apontava no horizonte e vi minhas nuances alçarem
vôo num desespero sem fim. Senti meus músculos tremerem no canto oblíquo da
boca e uma pequena cachoeira se formando na esquina dos meus olhos.
Tudo vi, mas recuei o choro e
bloqueei a palavra.
A dor vinha rasgando a estrada
como faz uma acauã quando voa rasante pelos caminhos de pedra e volta furando,
bicando, abrindo fendas...
Às vezes, há solidões merecidas!
E há aquelas que se instalam estrangeiras e fixam moradia por tempo
indeterminado. Pior ainda, são as que carregam sob o braço um pergaminho,
contendo os itens a serem observados naquela nova estadia atemporal.
Mas o tempo não é conivente com a
solidão. Ele é nômade e livre. Por isso, e em respeito ao meu coração que pulsa
cantando, acabei de tomar uma decisão:
Já está na hora de querer a minha
asa de volta!
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Água de chocalho para todos!